Quando o amor educa: o papel dos pais na formação dos filhos

Como presença, equilíbrio e parceria ajudam a preparar crianças para a vida

O amor de pai e mãe é, sem dúvida, um dos sentimentos mais nobres que existem. Mas como todo excesso, ele pode virar armadilha. Quando os pais correm para justificar cada tropeço dos filhos, acabam transmitindo uma mensagem silenciosa: “Você não precisa mudar, porque eu resolvo por você.” Isso pode gerar adultos que não aceitam críticas, não reconhecem falhas e esperam que alguém sempre dê um “jeitinho”.

Esse comportamento não aparece apenas nos momentos ligados à escola. Dentro de casa, pequenas situações do dia a dia revelam como os pais ajudam — ou atrapalham — na formação emocional dos filhos. Ao intervir em todas as brigas entre irmãos, por exemplo, sem dar espaço para que eles aprendam a negociar, ou ao tomar decisões no lugar da criança em situações que poderiam estimular autonomia, corre-se o risco de formar adultos inseguros. O excesso de proteção, ainda que nasça do amor, tira das crianças a chance de amadurecer, de compreender limites e de perceber que erros e acertos fazem parte do aprendizado.

O equilíbrio entre orientar e proteger

Educar não é blindar, mas preparar. Isso significa ensinar que, se errou, é preciso reconhecer; se tropeçou, é necessário levantar; se foi corrigido, talvez seja um ato de cuidado, e não de ofensa. Como explica a Coordenadora da Escola do Futuro Brasil, Cris Poli: “Proteger o filho não significa evitar que ele sinta frustração. O papel dos pais é ensinar a lidar com a realidade. A vida também vai corrigir, mas de forma muito mais dura.”

Na prática, essa postura equilibrada faz diferença na maneira como as crianças encaram desafios. Pais que reconhecem o esforço, mas não escondem a necessidade de melhorar, transmitem valores que vão muito além das notas ou conquistas imediatas. Eles ajudam a construir resiliência, humildade e coragem. A superproteção, ao contrário, pode gerar jovens que têm dificuldade em aceitar regras, ouvir críticas ou lidar com frustrações. O segredo está em unir amor e firmeza, sem que um anule o outro.

Família e escola como parceiras

Quando o assunto chega ao ambiente escolar, esse equilíbrio se torna ainda mais importante. Em algumas situações, pais e responsáveis podem sentir vontade de defender seus filhos a qualquer custo. Mas a escola não deve ser vista como adversária, e sim como parceira nesse processo de crescimento. Quando há abertura para diálogo, todos ganham: pais, professores e, principalmente, as crianças.

É verdade que alguns conflitos acontecem, e é natural que surjam dúvidas ou divergências. O que faz a diferença é a maneira como essas situações são conduzidas. Em vez de transformar reuniões em momentos de tensão, é mais produtivo buscar compreender os dois lados e trabalhar em conjunto. Pesquisas recentes, como a do Instituto Península (2023), mostram que muitos professores se sentem desautorizados quando pais confrontam suas decisões diante dos alunos. Isso pode fragilizar a confiança no processo educativo e confundir as próprias crianças.

A Diretora da Escola do Futuro Brasil, Ivonne Muniz, resume bem esse papel de parceria: “A Bíblia nos lembra em Provérbios 22:6 que devemos instruir a criança no caminho em que deve andar. Isso significa olhar para o filho como alguém em formação, que precisa de limites, mas também de incentivo.”

Educar para o futuro com coragem e amor

Para Ivonne, o maior desafio dos pais está em equilibrar o desejo de proteger com a necessidade de preparar os filhos para a vida. Ser pai ou mãe exige coragem: coragem para permitir que a criança enfrente pequenas frustrações hoje, para que saiba lidar com grandes desafios amanhã. Filhos não são frágeis como cristais, mas fortes como barro fresco — moldáveis, capazes de resistir ao tempo se tiverem firmeza.

Quando um pai ou uma mãe encobre um erro, a mensagem implícita é que não há necessidade de mudança. No entanto, ao ajudar o filho a relacionar-se bem com os outros, a entender as diferenças e temperamentos, e a assumir responsabilidades, os pais ensinam que empatia, inclusão, caráter e honestidade valem mais do que desculpas. É nesse processo, feito em parceria com a escola, que se constrói um legado duradouro: filhos preparados para viver, aprender e recomeçar sempre que for preciso.

Posts Recentes

Esta gostando do conteúdo? Compartilhe!